Playa del Carmen pode não ser o paraíso dos resorts como Cancún, mas é, sem dúvidas, o melhor e mais estratégico local para os mochileiros que querem conhecer a província de Quintana Roo, na península de Yucatán. Localizada no “meio do caminho” entre Cancún e Tulum, está próxima da maioria dos lindos cenotes (cavernas com água) e das ilhas Cozumel, Mujeres e Holbox. Além disso, de todas as opções, é a que tem os preços mais acessíveis de hospedagem, alimentação e passeios para vivenciar um pouco da história maia e das belezas do Caribe.

Chegamos a Playa del Carmen em um transfer que locamos no aeroporto internacional de Cancún. A opção mais barata para nós foi evitar a fila de táxis, assim como os ônibus, e pagar 200MXN (na época, 38 reais) por um micro-ônibus. Tivemos de negociar, bater o pé e esperarmos um tanto para obter o melhor preço. Foi um dia para chegarmos ao nosso Airbnb (a cinco quarteirões da praia e bem barato) e conhecermos um pouco da cidade para planejarmos os próximos passos.

Mas foi também um dia chuvoso e em que nos deparamos com o que pode ser seu pior vilão em uma viagem a Cancún: o sargazo – alga marrom que se aglomera nas praias do continente. Playa estava tomada de sargazo, perdendo apenas para Cancún, e foi quando descobrimos que é um problema regional de mais de dois anos, já que tem suas causas ambientais ainda desconhecidas (existem até teorias conspiratórias de que seja um terrorismo estadunidense para tirar turistas de Quintana Roo e fortalecer Miami haha). Portanto, se vier para essas bandas, pesquise antes a situação das algas sargazo.

Os preços estavam acessíveis e gastamos 15MXN em água, 17MXN num gatorade e 178MXN nas coisas que levaríamos pro Airbnb (água e algumas coisas de comer de manhã e à noite nos dias em que ficássemos lá – próximo de 32 reais no total).

Playa é parecida com cidades de praia brasileiras, mas sem sargazo tem aquela água azul-clara bem transparente (que não vimos por aqui por causa das algas). No mais, ela tem uma avenida principal a um quarteirão da praia, com todo tipo de vendinha, restaurantes mais caros, artesanato, artistas de rua e lojinhas. O bom é que você encontra coisas de todo preço e consegue pagar bem barato pra comer em lojas de conveniência como 7Eleven e outras. Sempre que voltávamos à noite de algum passeio no dia, vínhamos à avenida pra ficar perambulando e conversando.

Daqui saem os passeios para quase todos os cenotes e você pode ir de várias formas. Se souber andar de bike, tiver tempo e quiser encarar a rodovia movimentada (porém bem estruturada) poderá visitá-los assim. Alguns cenotes ficam pro sul e outros pro norte da Rodovia e nós fomos em vários, como se pode ver nos posts sobre cenotes que já fizemos (Cristalino, Rio Secreto, Misterio Maya, Chaak Tum…).

Porém não fomos de bike, nem de táxi (não tinha Uber por aqui ainda), fomos de colectivos (vans pequenas que aqui chamamos de lotação), mas que são bem tranquilas de viajar. O preço depende do destino, pois a mesma van passa por vários cenotes e quanto mais longe, mais caro. Pagamos 50MXN para ir até o Misterio Maya por exemplo, em outros 70MXN. Aqui é importante planejar e escolher bem os cenotes que for visitar, além de que o tempo instável (como nós pegamos no começo) é uma ótima opção para curtir os cenotes, deixando os dias ensolarados para as praias! E quanto a isso tivemos muito sucesso, pois pegamos um baita dia lindo em Cozumel, Tulum e outros dias magníficos na ilha de Holbox, com um pouco de chuva apenas nos passeios iniciais de cenote em Chaak Tun e Misterio Maya.

Por que Playa é um local estratégico?
– Dá pra ir de van pra Tulum (90MXN);
– É de onde saem os ferrys para Cozumel (250MXN);
– Tem terminais da ADO (de onde saem os ônibus para outras cidades, e cujo bilhete pode-se comprar online) com ônibus para Chiquilá (onde saem os ferrys para Ilha Holbox) por 270MXN;
– É bem mais barata e com menos frescuras que Cancún;
– Dá acesso aos cenotes mais incríveis da região por bike ou van;
– Tem supermercados e conveniências baratas cheias de promoção: fomos muito ao supermercado Chedraui (onde chegamos a pagar 2 reais por galões de água) e no Oxxo (conveniência presente em todo e qualquer canto);
– Achamos segura, embora tivéssemos ouvido alguns boatos em relação aos bandidos de Acapulco estarem agindo lá também. Não tivemos nenhum problema, mas são aqueles protocolos de segurança latino-americana que já conhecemos bem no Brasil;
– E se o teu negócio é resort, tem também por aqui.

Onde fica?

Playa del Carmen fica no sudeste do México, na província de Quintana Roo, distante:
– 67 km de Cancún (dir. norte);
– 64 km de Tulum (dir. sul);
– 123 km de Chiquilá / Ilha Holbox (dir. noroeste);
– 318 km de Chetumal (dir. sudoeste);
– 141 km de Valladolid (dir. oeste).

O que vimos por aqui?

Dicas!

• Pesquise sobre a situação do sargazo antes de ir. Planeje opções de passeio nas ilhas, caso a situação esteja crítica.
• Um mapa ajuda, pois os nomes de rua – com números – às vezes confundem.
• Há um restaurante muito bom chamado El Muñe, que fica na avenida dos pontilhões, onde se pode comer comida mexicana de verdadinha e tomar uma baita taça de água de Jamaica (aquela do Chaves, que é praticamente um chá gelado de hibisco muito bom).
• Até 2019 não existia Uber em Playa.
• Pechinche preços, os mexicanos são bem abertos a negociar.
• Fuja de turismo agressivo aos animais, como shows de golfinhos ou aprisionamento de arraias (em Cozumel). Se achar esse papo um exagero, leia relatos de biólogos sobre o tema (como este: http://olharanimal.org/a-verdade-perturbadora-por-tras-do-seu-nado-com-golfinhos/).
• Use vans coletivas (mais baratas) para ir até cenotes e outras cidades próximas.
• Playa del Carmen é o melhor lugar da região para fazer câmbio (dólares para MXN) e não são todos os lugares que aceitarão cartões de crédito. O câmbio flutua bastante e você encontra preços baixos tanto na avenida principal como nas adjacentes.

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