“Paraíso” define a Ilha Holbox, na face norte da península de Yucatán, no México. Ainda muito desconhecido pelos brasileiros, o lugar é com certeza um dos mais especiais que já pudemos visitar, curtir, amar… Este post será quase uma utilidade pública para quem quiser viver esse sonho possível com tubarões-baleia, bioluminescência e bancos de areia no mar azul-claro.

Nossa escolha para ir a Holbox foi quase de última hora, quando a Carina dava uns acertos no roteiro pelo México (a ideia inicial éramos ir para a América Central, mas por problemas na Nicarágua resolvemos abortar e ir para o único país de língua espanhola da América do Norte). Existem poucos relatos e blogs falando sobre Holbox e pudemos sentir isso por lá – quase não há brasileiros. Acreditamos que o excesso de publicidade sobre Cancún ofusque Holbox.
Como fizemos?
Depois de 6 dias em Playa del Carmen (de onde visitamos cenotes, Tulum, Cozumel…) partimos em um ônibus da ADO (principal empresa de ônibus) para a pequenina cidade de Chiquilá, ao norte. Esta cidade minúscula serve como base para sair do continente de ferry e ir até a Ilha Holbox (a viagem dura pouco mais de meia hora).
Chegando lá, já havíamos reservado um quarto compartilhado em um Hostel (Karemar) pelo AirBNB e passamos quatro dias lá dividindo espaço com um casal de colombianos e um punhado de alemãs em um ambiente muito tranquilo e barato. O hostel tem tudo o que precisávamos: chuveiro, cama, geladeira e cozinha (os dois últimos acabamos nem usando), Wifi (é mais lento do que no continente) e tomadas.
A partir daí começamos a andar pela pequena cidade da ilha e descobrimos preços, lugares e como faríamos. Pudemos aproveitar muito, pois talvez tenhamos ido na melhor época do ano para este lugar (entre os meses de Junho e Agosto). Estávamos em meados de agosto (2018), no período entre a Lua Nova e a Lua Crescente, o que nos permitiu ver a bioluminescência na primeira noite e os tubarões-baleia no segundo dia.
Após quatro dias, já batia saudade! Isso ainda levando em conta que no primeiro dia ficamos meio frustrados assim que estreamos o mar lindo e transparente, quando, ao levar a GoPro para o mar, ela se encharcou toda de água, sal e areia por não estar com a caixa estanque bem fechada =( . Ficamos borocochôs nessas primeiras horas, pois ela seria crucial para registrarmos os tubarões no segundo dia. Quando, depois de seca, ela não ligou, tocamos o barco e gastamos 100 reais pra alugar uma GoPro para o dia seguinte com os tubarões. A sorte é que havia essa possibilidade! Isso nos animou mais e depois do tour noturno da bioluminescência a gente já nem lembrava mais do ocorrido! Nossa GoPro era a mais antigona (compramos usada no Mercado Livre por uma pechincha), então deu pra superar a frustração (a maior parte dos lugares onde queríamos usá-la já haviam passado).
Porém, na hora de sairmos, depois de curtirmos esse paraíso todo da melhor forma possível sem gastar muito (fora os tubas), notamos outro problema: por algum descuido que até agora não entendemos direito, perdemos US$100 (uma nota) devido àquele velho problema de querer se precaver e acabar excedendo no cuidado. Bateu a bad dupla – estávamos indo embora daquele lugar lindo e com essa sensação de 400 reais a menos doendo no bolso.

Mas que bad! Como gostamos tanto mesmo com essas chateações? Bom, você vai entender agora:
O que tem pra fazer em Holbox?
Tour da Bioluminescência
Holbox é um dos poucos lugares do mundo onde se poderá vê-la de perto, portanto aproveite se puder!
Esse rolê é sazonal, entre Junho e Agosto e ainda depende da lua, pois em dias muito iluminados pela lua cheia não dá pra ver o mar iluminado. Como chegamos em Agosto e com a lua em fase crescente, partimos às 22h num barquinho com mais 4 viajantes, um guia e um capitão para a Ilha Pasión (noroeste de Holbox). Imagine um breu total no mar raso do Caribe, as luzes ficando longe e a Via Láctea sobre sua cabeça (pegamos um céu muito incrível no dia; pudemos ver o final da temporada das Perseidas). É muito lindo! Depois de uns 40 minutos você chega na pequena ilha Pasión, desce do barco e sai pra andar e nadar na prainha noturna sem nenhuma luz! Ou melhor, com muita luz na água: a bioluminescência é a reação físico-química dos plânctons gerada através do movimento na água. Você mexe o braço, nada, põe sua roupa para capturar a água e vê a luz cintilando na água como um enxame de vaga-lumes brilhantes.
Se tiver câmera apropriada, consegue fotografar a via-láctea.
Quanto custa?
Pagamos MXN 400 por pessoa (inclui colete).
Dicas para esse rolê:
- Pode até tentar levar câmera, mas realmente não capta. Tudo fica escuro, seja filmagem ou foto, esteja no modo noturno ou não. Talvez com um conhecimento muito profissional de fotografia noturna, com total escuridão você até pode conseguir algo… Mas o importante aqui é curtir com os olhos, corpo e alma!
- Leve repelente, pois pode haver mosquitos pentelhos.
- Uma toalhinha e talvez uma troca de camiseta seja interessante pra volta.
- Roupas pretas e brancas são mais indicadas pra poder ver a luminescência. Nade de roupa, para ver melhor a superfície iluminada pelos plânctons. Aliás, nade, espalhe água, esguiche… quanto mais movimento, melhor!
- O tour só sai nessa época do ano e depois que a lua se pôs; programe-se em relação às fases da lua e fuja dos dias próximos da Lua Cheia.
- Dura em torno de 2 horas. Voltará tarde.
Tubarões-baleia
Assim como o anterior, o tour também só ocorre nesta época do ano (Junho – Agosto), devido ao fato de estes animais se alimentarem do plâncton por filtração, e também é um tour quase único no mundo. Mas, neste caso, o tour sai bem cedo. Você se reúne no molhe perto das 6h45 e parte em uma lancha para o Golfo do México (o mar muda de cor e de profundidade) quando sai do Caribe. O preço que você pagará incluirá um sanduíche de presunto e queijo no barco, água e um almoço de ceviche com coca-cola na volta, além ainda do pé-de-pato, snorkel e coletes.
Nós conseguimos o melhor preço lá no molhe, na Gama Extreme Tours, tanto nos tubarões como na bioluminescência. Vale a pena pesquisar, mas conseguimos economizar aqui perto de MXN 800. Só a bicicleta que não achamos muito barato aqui e pegamos em outro lugar, mas o atendimento deles é super legal e cuidadoso. Passamos muito bem.
A lancha bate bastante na água por causa da velocidade, mas não vimos ninguém passar mal, caso esteja desagradando não tem problema pedir pro capitão diminuir um pouco a velocidade. Serão cerca de 7 horas de duração o passeio todo, levando mais ou menos 2 horas até encontrarem o ponto dos tubarões-baleia. Chegando lá, o bagulho é rápido e pá-pum! Você já estará com o equipamento e quando o guia falar “pula”, você pula com ele pra já dar de cara com os bichanos na superfície. Nós pulamos 4 vezes, pois em duas não demos sorte (só conosco houve isso hahahaha), mas na primeira em que vimos, foi assim: pulamos, caímos na água com snorkel e o bicho estava muito na nossa frente e quase levamos uma rabada. Tá registrado no vídeo – veja, por favor!
Sim, os mergulhos são curtos, mas a intensidade é alta e a duração é pequena pelo motivo de os animais estarem nadando e indo de um lugar pra outro sem que possamos acompanhá-los por muitos minutos. Mas é lindo! Emocionante demais!
De lá você volta e vai até os arrecifes fazer snorkel com um mundaréu de peixes+arraias+tartarugas+moreias+pelicanos. Foi o melhor que fizemos até hoje (agosto de 2018) em variedade, tamanho e quantidade de vida marinha. Diz a lenda que se pode ver golfinhos em parte do trajeto, mas não os vimos durante o snorkel; já durante o deslocamento da lancha, a Carina viu pelo menos dois! Sabemos que é difícil avistá-los de perto, mas demos sorte de vê-los nadando também no trajeto do ferry na volta para Chiquilá.
De lá você vai para uma praia deserta onde irá comer seu ceviche e, se quiser, andar um pouco nos bancos de areia e nadar. Reze para não chover e estragar a beleza do rolê. Na última parte da volta você ainda pode apreciar os flamingos na beira do mar, chegando de volta a Holbox perto das 14h, cheio de histórias pra lembrar e contar.
Quanto custa?
Conseguimos, pesquisando, o preço de MXN 2000 por pessoa (aprox. 500 reais), mas há lugares cobrando MXN 300 a mais e, como a ilha é pequena, pesquise para ver a segurança, confiança, preço e tudo o mais. Achamos difícil encontrar picaretagem (pois é tudo muito perto e todo mundo se conhece), mas diferença em preço e atendimento encontramos muito facilmente.
Dicas!
- Esteja atento para a época do ano. Só é possível entre os meses de Junho e Agosto (as vezes até maio ou setembro). Um whatsapp ou e-mail pode te ajudar a ter mais segurança quando for.
- O barco molha bastante no entra e sai do barco, portanto cuidado ao levar coisas que não podem molhar.
- Se tiver problemas com barco, evite comer muito.
- Há coletes e são obrigatórios com os tubarões, porém não mais no snorkel posterior. Se você não nadar muito bem, o colete te segura e o guia vai te empurrando-guiando para ver o tubarão.
- Os tubarões-baleia não são carnívoros. Comem por filtração e são os maiores peixes do mundo (não são cartilaginosos como os tubarões-brancos, nem mamíferos como golfinhos e baleias (cetáceos e maiores habitantes do mar).
- Hidrate-se bem e use bastante protetor. É bem possível que você engula bastante água com sal na doideira pra ver o tubarão haha!
- Quando fomos, havia uma menina italiana de uns 6 anos de idade com o pai que tirou de letra!
- O tour de ecoturismo visa proteger a fauna e dar atenção para a importância destes animais, de seu ecossistema e nossa função humana de protegê-los. Antes, fiz questão de perguntar para uma amiga minha, Marília, que trabalha diariamente com observação de baleias-jubarte (e outras) em alto-mar no México, EUA, Portugal para saber se era agressivo ou não (como ocorre nos casos de aprisionamentos em cativeiro de golfinhos, orcas, focas, tubarões – dos quais não somos a favor).
Punta Mosquito
Este rolê você poderá fazer por conta, a pé (demora um tanto) ou de bike (alugando uma). Alugamos uma na frente da pracinha central por MXN 200 o dia todo (pegamos de manhã e devolvemos às 22h) e com elas fomos para Punta Mosquito. Carina andou de bicicleta umas quatro vezes na vida e não tem muita intimidade com a magrela, mas mesmo assim foi tranquilo, pois é tudo plano, não tem carro (só bikes, motos e carrinhos de golf) e você pode ir pela praia, pelas ruas de terra etc…
Punta Mosquito começa quando acaba a praia (último hotelzinho) e se inicia um longo banco de areias até uma ponta da ilha. O lugar é lindo, deserto, com água cristalina, flamingos, pelicanos e outros pássaros, além de peixinhos e até filhotes de arraias. A bike vai até um ponto apenas, depois você vai andando e curtindo por horas esse paraíso. Se for a pé, prepare a perna, mas por outro lado será totalmente grátis! O lugar é tão deserto, tão praia-deserta-dos-sonhos que dá até pra nadar pelado hahaha!!!
Dicas!
- Prepare a perna, passe muito protetor e aproveite o rolê!
Ilha Holbox
Holbox (eles falam Olboxe, que do maia para o espanhol seria ‘hoyo negro’ ou buraco negro) para os nativos maias era um lugar muito muito distante, tipo um “fim de mundo” e provavelmente por isso lhe deram esse nome, que acabou sendo por muitos inglesificado.
A cidade é super tranquila e esperamos que fique assim por anos e anos (alguns dizem que de três anos pra cá já se ergueram muito mais construções, mas ainda assim a coisa tá tranquila até então). A ilha, que já foi paradeiro de muitos italianos, ainda recebe muitos deles, além de alemães e outros… mas mesmo parecendo que você vai encontrar muita gente, não, a ilha é bem tranquila, nada de muvucas, filas ou qualquer outra loucura de praias movimentadas e resorts malucos.
Achamos curioso o fato de haver muitos cachorros pela ilha – uns bem enormes.
Na noite você terá opções com preço razoável (nada diferente do que se cobra no Brasil) pra comer e curtir a noite. Nós comíamos e íamos ver o pôr da lua (incrível!) com a Via Láctea no molhe ou em algumas cadeiras vazias na praia (os hotéis tiram as almofadas, mas deixam lá as esteiras). Dá pra dormir sossegado curtindo a brisa noturna e o céu fenomenal devido À pouca luz na orla.
Há outros lugares aonde se pode ir também, como Punta Cocos e Cabo Catoche, porém um é bem mais longe e ao outro só se vai para snorkel com o tour dos tubarões. Há quem faça tours de pesca também, pelo que vimos. Além disso tudo, a própria praia local da Ilha já é um paraíso à parte! Suas redes e balanços para ficar tranquilo, sem muita gente disputando lugar, são ideais pra curtir o pôr do sol, a brisa e se carbonizar no sol do meio dia (abuse do protetor).
Dicas!
- Existem redes em vários pontos da praia, ande um tanto e encontrará. Algumas dizem que são para usuários de hotel, mas é comum vê-las vazias.
- Acorde cedo pra curtir a água mais fria, depois ela começa a esquentar e até de noite estará quentinha.
- No amanhecer e no anoitecer costumam ter pernilongos, portanto tenha um repelente por perto.
- A internet é meio precária, mas você nem sentirá falta.
- A maioria dos lugares não aceita cartão, portanto tenha dinheiro já trocado. O câmbio de pesos-dólares não é viável, portanto faça-o antes em Playa ou Cancún.
- Há duas empresas de ferry que cobram os mesmos preços e se revezam a cada meia hora. O vermelho é mais ágil (Holbox Express). E esteja atento, pois nós vimos golfinhos no caminho.
- Pesquise preços de tour antes de contratar. Alguns dão descontos na bicicleta se os contratar.
- Há hotéis com mais conforto e hostels com AirBNB, é só pesquisar bem antes! Nós pagamos cerca de R$60 a diária pelo AirBNB contratando antes e pagando com cartão.
- Chiquilá (a cidade de onde parte o ferry) faz conexão com Playa (caso venha do Caribe) ou com Valladolid (caso venha do outro lado da península). Há muitas opções de ônibus (ADO ou coletivos um pouco mais simples, mas tranquilos). As viagens para as duas cidades duram cerca de 2 horas.
- Desfrute e cuide bem desse paraíso! Lugares como esses precisam se multiplicar e não se reduzirem aos que tem dinheiro como acontece muito nas Maldivas, por exemplo.
Vale a pena ir em outros meses?
Não foi o nosso caso, mas acreditamos que sim. O sossego, a beleza, o clima e o fato de ser uma ilha (menos abafado) são o suficiente para se tomar um ônibus rápido da Riviera ou de Cancún pra Chiquilá e de ferry ir até Holbox. Este trajeto vai te custar aproximadamente 200 reais (como ocorreu conosco) e pelo que vimos não é oferecido por agências e resorts. Se for fazer os tours (na época em que ocorrem), recomendamos de 3 a 5 dias pra curtir com tranquilidade. Caso sua passagem seja rápida pela região, dois dias te agradarão muito e te deixarão com uma vontade enorme de quero mais.
Fique atento para as temporadas de chuva e furacões que vai de Agosto a Novembro. Nós estávamos inseguros, pois fomos em Agosto (mês que deu pra ir!) mas só pegamos uma chuva de verão em Playa e nada mais (foram 11 dias no total). Em Holbox você encontrará algumas ‘ruínas’ em plena praia da passagem de um furacão de 2011.
Extra! Sargaço!
Há um motivo a mais para se ir a Holbox. O Sargaço! Esta alga (alga sargazo em espanhol) tem dominado as praias de Quintana Roo (estado que abriga Tulum, Playa, Cancún, Puerto Morellos e outras do oriente da península). Desde 2017 ela tem tomado as praias e convertido aquela praia azul clara e transparente das fotos em algo marrom e sem graça. São algas que nascem no mar do Caribe e com as correntes chegam até estas praias em quantidades enormes, sendo consideradas como um desastre natural e econômico para o turismo da região. Os resorts tentam, mas também não dão conta de retirar diariamente as toneladas de sargaço nas areias e isso tem trazido muito prejuízo. A forma de fugir disso é ir até as ilhas (Cozumel, Isla Mujeres e Holbox) e curtir as praias de lá. Sempre que for para a região, pesquise no Google a situação do sargaço (vá no Google e digite o lugar para onde vai + sargazo + o ano em que está indo) para coletar as notícias atualizadas.
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