Este documentário me parece uma parada obrigatória para todos aqueles que já foram ou irão ou querem saber mais sobre o Deserto do Atacama. Ele vai muito além da geografia e da astronomia envolvidos neste lugar mágico, que aqui, se torna um tanto trágico.

“Gostaria que os telescópios pudessem, além de ver o passado do universo, ver também o passado deste deserto”

O principal neste documentário é a trajetória temporal e nossa relação com o tempo. Se olhamos para algo, essa informação visual nos chegou após alguns milesegundos. A luz da lua leva alguns segundos para chegar até nós, a do sol, 8 minutos. Ou seja é a visão do passado segundo a física.

No entanto, o diretor Patrício Gúzman, nos leva ao passado, séculos 19 e 20 no Chile. Época em que o presente era o único tempo que existia naquela vida bucólica e tranquila. O período das descobertas científicas agita o Chile e leva vários cientistas a estudarem o cosmos através do atacama, o deserto mais seco do mundo e portanto o lugar mais adequado para se olhar o espaço.

Tempos depois chega Pinochet ao poder e junto com seus militares tocam o terror por todo o Chile, aproveitando-se de antigas vilas de mineiros no deserto para abrigar seus campos de concentração para presos políticos. Estima-se que até 60 mil chilenos tenham sido torturados, presos, mortos ou estão até hoje desaparecidos.

E é aí que a coisa pega. Estes desaparecidos até hoje são procurados por suas mulheres nos confins do deserto da região de Chacabuco e Calama. Porquê? Por que foram transportados para serem escondidos meio as pedras e areia. Não… não são mais as pessoas vivas que foram um dia… e sim seus ossos. Não pense você que a Alemanha fora a única a fazer tamanhas atrocidades.

Este doc te fará compreender outras dimensões deste lindo e (aqui) triste deserto. Compreender um pouco da história mórbida da ditadura chilena que até hoje afeta não só a eles, mas a toda latino América.

Você pode achar este documentário no site filmescult.com =)

#cinemochila #cin&mochila