Com o desejo de conhecer a região dos lagos chilenos no norte da Patagônia e o vulcão Osorno, subimos da região de Aysén até Puerto Montt, no Chile, passando pelas cidades de Chile Chico, Puerto Tranquilo, Coyhaique, Puerto Varas, Frutillar e Puerto Montt. Paisagens incríveis, capelas de mármore na água, cidadezinhas interessantes e um dos lugares mais ricos e fotogênicos que já vimos, os Saltos de Petrohué: montanha, verde, rio, cachoeira e um lindo vulcão nevado cortando o céu azul!
Nossa empreitada começou quando saímos de El Calafate, no sul da Argentina e fomos até Los Antiguos para atravessar a fronteira com o Chile até Chile Chico. E tudo o que tinha pra começar bem, começou estranho. Ao chegarmos em Los Antiguos nos avisaram que a ida pra Chile Chico é confusa e que o transfer nos levaria até a aduana argentina. Ok. Lá fomos nós. Fizemos os trâmites e depois… se vira meu filho. O preço cobria só até lá, e de lá até a aduana chilena eram bons quilômetros de estrada no meio do nada, logo cedinho. Mochilas nas costas e lá fomos nós para os 8 km matinais! Há quem pegue carona, táxi, mas aí o negócio é bem confuso porque há taxas na aduana argentina que ninguém quer pagar e na chilena, a fiscalização é rígida.
Um casal de americanos também foi a pé, e um japonês com seu violão também. Começamos por volta das 9h e só chegamos perto das 13h em Chile Chico, uma cidade minúscula, bonitinha e cercada pelo gigante Lago General Carrera, o maior do Chile. Água azul escura, ilhas, vulcão Hudson ao fundo e na cidade há um mirante interessante e uma costanera bem bonita! Fora isso não havia muito o que fazer. E aqui cabem várias dicas!!!
1- Procuramos pelo terminal de ônibus, porque queríamos ir até o local das Capillas de Mármol em Pto. Tranquilo… mas ele não existe! Você pode até perguntar, as pessoas te indicarão lugares que não te levarão a lugar nenhum hahah e assim rodamos por uma hora numa cidade minúscula com mochila e tudo. Quando então um senhor nos contou que na verdade na rua principal existe um lugar de onde sai a van para lá. É uma só. Lá pelas 10h da manhã. Não havia informações na internet sobre isso… por isso apanhamos um pouco. O lugar se chama Martín Pescador e você deve reservar a van com um dia de antecedência. O valor é de CLP$30000 por pessoa.
2- Cuidado com as dicas em Chile Chico. Nos sentimos meio tontos, porque as pessoas adoravam dar qualquer resposta animadora só pra não ficar sem responder. Acreditem! Isso é péssimo!
3- Ficamos no hostel Don Luis pelo preço de CLP$50000 dia/pessoa.
Não era nosso objetivo ficar aqui, mas não houve jeito. No dia seguinte pegamos o transporte e fomos até Pto. Tranquilo, perto de 4hs de viagem. Nisso teve de tudo, pois, no final, a tia da van não fechou direito a porta traseira e na subida foi rolando mala pela estrada… as nossas mochilas não foram, porque a Carina voou para agarrá-las, e eu, Tück, voei para agarrar a Carina. Se lhe veio uma cena de desenho animado em mente, então imaginou certo! Foi pura loucura.
Chegando lá, tudo parecia bem, mas o porto fechou por causa do vento (sempre venta forte hahaha!) e fomos até Bahía Mansa para pegar o barquinho até as Capillas de Mármol. O passeio dura cerca de 1h no barco e nem tem risco de molhar porque o lago é tranquilo. Mas também dá pra fazer de caiaque, se tiver dinheiro e tempo, arrisque-se que vale a pena pela autonomia.
Estava tudo lindo, tirando o fato de que essa mudança de local de saída fez com que perdêssemos o bus para Coyhaique e, novamente, só no próximo dia haveria saídas. Tivemos de ficar em uma cabana junto de um argentino. Rachamos e deu CLP$13000 para cada um a noite. E saiba: Chile Chico é pequeno, mas Pto. Tranquilo é ainda menor.
O bus para Coyhaique sai por volta das 9h da manhã, mas chegue antes porque é meio confuso e como vem de outro lugar, não vem vazio. Para pegar, é perto do posto de gasolina (o único). A viagem também leva por volta de 5hs e quando chegamos na cidade já íamos pegar um bus pra Puerto Montt, mas adivinha. Não havia mais lugar. E o pior é que ele só sai em dois dias durante a semana. Tivemos que procurar um hostel (foi fácil, a cidade é bem mais estruturada que as outras) e a única opção que tivemos (devido ao tempo que tínhamos) era ir de avião até lá, pela SKY. Compramos a passagem para o dia seguinte no escritório da empresa aérea, o que nos custou CLP$140.000! Caro, mas não tínhamos outra opção. Demos uns rolês pelo centro da cidade, o que nos rendeu um circo de rua e um sebo num tuk-tuk.
Dia seguinte, pegamos o avião, pagando um transfer de CLP10000 até o aeroporto. Ah! Dormimos no hostel Tenedor Austral por CLP$40000. Voo tranquilo e depois fomos ao hostel Teresita (administrado por um casal de velhinhos muito simpáticos) pegando mais um transfer de CLP$18000. Porém, chegamos com o dia chuvoso e só deu para ir até a costanera ver o Pacífico e comer em um shops em que achamos um lanche barato.
No dia seguinte, amuados pelo nublado do dia anterior, fomos até a rodoviária e pegamos um bus coletivo até Puerto Varas e o sol já brilhava. Em 1h estávamos na cidade e embora houvesse céu azul, bem o Osorno estava sob nuvens. Sem problemas. Fomos até um molhe e depois pegamos na rua San Bernard o outro micro até os Saltos de Petrohué (entrada de CLP$4000). No caminho, as nuvens se foram e o Osorno se mostrou lindão pra gente durante todo o passeio lindo em Petrohué, que funde paisagens como cachoeira e vulcão em um enquadramento só! Fantástico! A entrada tem desconto para quem é do Mercosul.
Se você pegar o bus novamente e ir até o ponto final chegará ao lago onde poderá pegar um barco para navegar até próximo do Osorno, tendo vista também para os vulcões Calbuco (visível de Puerto Montt também), Ponteagudo (visível em Frutillar também) e os montes Tronadores (fronteira com Bariloche).
Voltamos até Pto. Varas e o clima de balneário estava instalado, muita gente andando nas ruas, curtindo o tempo bom, e muita gente nadando no lago, com vista pro vulcão. Pegamos mais um bus, que agora iria para Frutillar, cidade a cerca de 30 minutos e que nos dá uma vista mais próxima e ainda mais bonita do que Pto. Varas. A cidade respira um ar alemão por causa da colônia alemã no país (também há muitos em Pto. Montt) e além de seu molhe, sua prainha e suas ruas bonitinhas, tem um lindíssimo Teatro, chamado Teatro do Lago. Dentro acontecem espetáculos e festivais e, em alguns, as cortinas se abrem para o fundo se tornar o próprio lago e o Osorno. No final de Janeiro há um grande festival e inclusive Chico Buarque estava escalado para tocar, junto de outros artistas.
Pegamos um bus de volta para Pto. Montt e vimos mais um pouquinho da cidade, que não nos pareceu ter muito a oferecer, mesmo sendo maior que todas as outras. Hora de ir embora: dia seguinte pegamos o bus que nos levaria até Bariloche, de onde desceríamos até o sul da Patagônia Argentina (em uma viagem de bus problemático que nos tomou 30 horas de Bariloche até Calafate… ARG$2120.00 pela Marga Taqsa).
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