Quando a gente pensa em viajar também pensa em carregar seu cartão de memória com um monte de músicas para ouvir nos momentos de standby (ônibus, avião, esperas, caminhadas…). E nesse mundo mochileiro onde muita gente viaja por nosso lindo continente pouco se fala da música produzida por nossos vizinhos. Que tal então embarcar nessa viagem musical cheia de luz, latinidade e ‘argentinidade’ com Julian Mourin! Vem com a gente!

Quem é?

Julian Mourin nasceu em 1980 na Argentina e é muito dela que sua música fala de diversas formas.

Onde acho?

No youtube há três cds completos para você ouvir postados por ele mesmo: “Sur Solar”, “Mate de Metal” e “Canciones Kalimba”. Mas no site dele você pode baixar os dois primeiros completamente gratuitos, é só vir aqui: https://julianmourin.bandcamp.com/
Você pode trocar uma ideia com ele no Facebook também. O mais legal é que ele é daqueles artistas cheio de talento e simplicidade. Não tem dessa de não ser “gente como a gente” como acontece com artistas mainstream.

Como é sua música?

Uma mistura de ritmos e harmonias interessantes que traz sempre muita luz e suavidade nas letras. Os instrumentos mais presentes são o violão e a voz, mas no terceiro disco há muito da Kalimba (instrumento originado na região do Zimbábue com um som delicado e onírico). A percussão dos bumbos, cajóns e baterias normalmente também aparecem junto de outros instrumentos comuns como o baixo, a guitarra…

Do que as letras falam? 

Ao invés de falar bobeiras, vou colocar alguns trechos de letras muito interessantes:

Mate de Metal

“Quiero ir a cantar
mate de metal
a la Quiaca y al El Bolsón,
a Madrid y a Nueva York.

Mate de metal,
en cualquier lugar.
Mate de metal,
rio hacia el mar.”

Otro Espejo

“Si no gustamos de nosotros quién sino?
Nos merecemos otro espejo, algo mejor.
Aunque tengamos mil defectos, sé muy bien:
que adonde voy soy argentino, latinoamericano.
Con alegría argentino y latinoamericano.

Viva Tucumán, viva Neuquén,
viva San Juan, viva el Chaco.
Viva la puna y el Chaltén.
Viva Buenos Aires, Santa fe,
viva Jujuy, arriba y viva
la tierra que nos vió nacer.”

Cuerpo Mar

“Cuando me enrosco pensando
en por que no habré nacido
tal vez en Montevideo,
en Mar del Plata o en Río,
bajo hasta el río y lo sigo,
me calmo y miro los botes.
Tal vez no habré merecido
vivir con mar de horizonte.

¿Acaso el mar es menos mío
que de aquel que lo tiene cerca?
Mi amor no mide distancias,
el mar es mío y es de cualquiera.

Mar, mar, mar, ¿de quién es el mar?
¿No es también de Bolivia y Paraguay?”

Necesarios – (Há um vídeo no YouTube dele cantando com o brasileiro Thiago Braz)

“En esta lucha de fuerzas que es el mundo
algunos eligen perpetuar la estupidez.
Yo no los culpo, alguien lo tiene que hacer.
Pocos o muchos, agua que dejo correr. “

Porque ouvir?

Viajamos tanto por aí… muitos mochileiros vão até Argentina, Chile, Bolívia, Colômbia… mas param por aí. Paisagens bonitas apenas? Lugares interessantes? Mas e sua cultura ancestral, antiga e a moderna também? Que música de qualidade se faz de forma autoral nestes lugares? Por isso, se depender do mundo em que a gente tá não conseguiremos sair do que nos dão nas rádios, spotfy e televisão. Não é questão de ser bom ou não, mas é questão de realmente aproveitar a democracia e a liberdade que a internet oferece (ainda). É superar a mentalidade dos produtores de cultura de massa que homogenizam tudo para que todos possam gostar de algo, o que parece lindo, mas poucos falam do que se perde nesse processo: legitimidade e originalidade autoral.

Experimente ser curioso e ver que livros foram escritos por autoras e autores do país para onde viaja(ou), que músicas são criadas, que danças são costumes…! Isso ampliará não só o seu repertório, a noção do país para onde foi, mas como também sua própria cabeça, coração… seu mundo.